quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

19 de janeiro de 2012

Ainda hoje permaneço sem saber porque voltei. Desci as escadas e a angústia que carregava no peito me dizia que aquela talvez fosse a última vez. Como se ao sair, tivesse apagado a luz e trancado a porta; como um teatro que se enche de breu ao final do espetáculo. Eu estava repleta de breu. Os olhos brilhavam apenas pelo líquido salgado que perambulava por ali antes de escorrer e escapar. Não era um brilho de felicidade, sequer de esperança. Ao apagar a luz, era como se também tivesse apagado do horizonte qualquer prospecto de futuro promissor. As águas que imaginei rolando por baixo de nossa ponte não eram mais de um rio cheio de vida, mas das minhas lágrimas que escorreram por algumas noites seguintes. Meus pensamentos buscavam alguma forma de racionalidade, o óbvio, o objetivo. Mas só o que conseguiam era imaginar tudo o que acontecia naquele lugar que já parecia tão meu. Alguém subiu aquelas escadas; as mesmas que eu havia descido no dia anterior. E ficava me perguntando se por ventura conseguiu acender as luzes que apaguei. Meu eu, já tão fora de mim, gritava. Eu queria ser a causa do brilho e da luz que não entra pela janela, mas ao contrário! Um brilho que transborda, que não se aprisiona em caixas ocas.
Não sei porque voltei, e racionalmente não daria conta de explicar. Mas ao subir aquelas escadas de novo, uma luz voltou a se acender. Uma luz que refletia outro tipo de energia, outra forma de brilho.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

17 de janeiro de 2012

Um turbilhão de sentimentos tem trazido expressões novas aos dias que correm. Cada vez que os olhos encontram o espelho, é como se uma pessoa nova se apresentasse. São tonalidades novas de sensações e experiências já conhecidas, mas que trazem o frescor da novidade, da surpresa. Já estivemos aqui, vivemos essa situação e outras tantas. Seja com dor ou amor, a cada passo o corpo e a alma sentem uma espécie de deja vu. Passageira, é bem verdade, porque olhando atentamente, ambos percebem que uma nova história está sendo escrita. E que as páginas marcadas de lágrimas e sorrisos já foram viradas. Novas palavras surgem no pedaço de papel ainda branco, mas que em breve não será mais o suficiente para tanto afeto. É a hora em que as palavras são coadjuvantes de um protagonista que transborda sentimentos por todos os poros. O brilho dos olhos e o sorriso escancarado, as mãos trêmulas e o frio que percorre a espinha; dizer tudo isso é muito aquém do que significa sentir tudo isso. O dicionário jamais dará conta de tamanha intensidade.