domingo, 9 de outubro de 2016

9 de outubro de 2016

Às vezes é como se meu coração parasse de bater por 2 segundos, minha respiração ficasse suspensa e meus sentidos todos sensíveis à sua presença. Então eu recobro a consciência e percebo que ainda vivo.
Ainda estou viva para perceber que tudo não passou de devaneios, de uma mente e um coração que estão cansados, mas ainda anseiam por aconchego.
Essa busca faz com que eu me sinta o pior dos seres, porque o emaranhado tem doses de carência e a eterna voz que sussurra nos meus ouvidos "você não". Essa fórmula cria  armadilhas perigosas, especialmente porque quem está com o dedo no gatilho é você. O seu humor interfere no meu, as suas doses de atenção mudam meu dia, a sua presença torna os momentos especiais. E o tempo todo o seu dedo está lá, com a mão às vezes trêmula segurando o gatilho que está prestes a fazer a armadilha do mundo desabar sobre mim. E quando eu dou por mim, estou enjaulada em algo que eu mesma criei, amparada pelas minhas ausências e cicatrizes mal curadas.
O que me deixa maluca é saber que não posso te culpar. Quando a gente coloca a responsabilidade no colo do outro, somos as vítimas sob os olhares da compaixão. Mas você simplesmente existiu e surgiu e no seu canto estava. De canto, enquanto assistia a uma apresentação qualquer, era eu quem olhava para você e criava expectativas de um último romance. Talvez porque eu seja mais Los Hermanos que Charlie Brown, mas quem é mais sentimental que eu?
Odeio não conseguir te odiar e tudo o que eu queria é que meu coração continuasse compassadado quando eu te vejo entrando por uma porta qualquer. Eu poderia cavar um fosso, subir grandes muros, colocar leões e crocodilos como guardas, mas ainda assim eu sei que você conseguiria escalar até a torre onde eu estaria à sua espera.
Só o que sei é que a vida não é um conto de fadas, você não é o meu príncipe encantado e que tudo isso vai passar... e quando passar, vou lembrar com carinho e humor do tempo em que você surgia nos meus sonhos sem pedir licença. Porque, afinal, qual é a graça da vida se a gente não morrer por dois segundos enquanto se vive?