sábado, 16 de junho de 2012

16 de junho de 2012


Só estou cansada de passar meus dias e noites sozinha, parecendo alguém invisível por quem as pessoas passam e não vêem. "Quem é aquela menina triste ali, sentada sozinha ao pé da pequena mureta?".
É só uma menina que trocaria muitas coisas por boas doses de afeto e serenidade, enquanto ganha um cafuné e pode desabafar sobre os seus dias tão cinzas.

Às vezes sinto vontade de abandonar tudo e recuar, voltar atrás.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

14 de junho de 2012

Passei algum tempo da vida desejando intensamente a liberdade de alçar vôos para fora do ninho. Passei esse tempo criando e recriando na minha cabeça quais as mudanças substanciais que aconteceriam quando a vontade se tornasse realidade. Lá no fundo eu imaginava algumas dificuldades aqui e ali, como não conseguir ter uma alimentação saudável ou dinheiro para comprar bobagens.
Mas apesar disso, o meu vôo estava arquitetado de uma maneira cheia de realizações. 
Só não dei conta de imaginar que sofreria tanto por algo que sequer passou pela minha imaginação: a liberdade solitária. Pois é, cá estou, consegui. Tenho minha rotina, acordo quando quero, durmo se quiser, faço, refaço, não faço. Enfim, alcancei o céu depois de tanto ensaiar o bater das asas.
Infelizmente cá estou eu em outro ninho. Ou quem sabe a palavra mais adequada seja "gaiola". De qualquer forma, me sinto uma estranha. Alguém que está longe de se adequar à nova realidade que tanto pretendia. Minha rotina está vazia de relações humanas. Sinto que tenho me debruçado mais sobre os livros do que sobre pessoas. Conheço mais das páginas de Rousseau e Jakobson do que dessas pessoas que me cercam diariamente. 
O triste é não conseguir ver cumplicidade nos olhos delas. É terrível a sensação de querer falar e não poder. Tenho milhares de palavras engasgadas na garganta que não encontram caminho nem espaço para saírem. Os que estão aqui  não são cúmplices. São pessoas que vão e vêm de uma forma quase imperceptível.
No começo imaginei que sofreria menos do que aqueles que ficaram. A cortina das novidades havia sido aberta e eu tinha um mundo totalmente novo para desbravar. Mas hoje em dia tenho minhas dúvidas quanto a isso. Cada vez mais parece que aqueles que ficaram conseguiram conduzir suas rotinas normalmente, com pequenos arranhões logo cicatrizados. Tenho a sensação de que os cortes profundos foram meus. Nesse processo de "bandeirante" herdei algumas feridas que teimam em não cicatrizar.
Para mim, o mundo continua lá exatamente da mesma maneira que eu deixei, só que sem mim. Fui eu quem saiu correndo e nada mais natural do que o esquecimento. É aquela velha sensação de "meu mundo sem mim", já tão conhecida, mas há tempos não lembrada.
Todos parecem ter se adaptado muito rapidamente do que eu ainda não consigo esquecer nem por um minuto. Não há um dia que eu passe pelo portão de saída e não sinta vontade de atravessar a rua e encontrar meus amigos. Mas cadê os meus amigos? Onde estão as risadas escandalosas do Baiano, as moedas sendo contadas sobre a mesa para a próxima cerveja? E os convites para uma partida de sinuca, os abraços apertados, as conversas sem fim? Onde estão?
Talvez tudo isso continue lá... Mas eu estou aqui, indo embora todos os dias com essa saudade que deixa meu coração pequeno e batendo fraquinho, fraquinho.
Os abraços dele estão lá; os olhos dele estão lá; as pernas, as mãos, o coração... está tudo lá. E eu estou aqui, com o líquido salgado escorrendo pelas maçãs do rosto e os olhos já cansados de tanto expulsá-lo.
Sinto saudades de chegar em casa e ouvir a voz da minha mãe perguntando se está tudo bem; faz falta escutar o rádio do meu pai ligado vez ou outra no quarto; queria poder abrir a porta e ver a sala repleta de bandeiras do Corinthians num domingo à tarde, enquanto meu irmão está vestido uniforme dos pés à cabeça e torcendo desesperadamente.
E então eu quero tentar estar próxima em atitudes desesperadas. Fico refém de um celular, cobro atenção, passo o dia esperando que ele toque, conto os minutos entre um apito e outro. Céus, por que? Eu só queria poder estar perto, nada mais. Eu só queria poder parecer menos maluca e possessiva. Eu só queria poder deixar as pessoas respirarem e entender que os meus problemas não são delas. São só os meus problemas e que eu tenho que resolvê-los sozinha. Esperar o contrário é plantar frustrações diariamente. Eu sou a causa e a solução dos meus problemas...
Mas às vezes eu só queria companhia para eles. O que nem sempre é possível, dadas as devidas circunstâncias.
Mas de qualquer forma, são os detalhes da minha vida, as gotas doces que fazem tanta falta... E sinto um grave pesar em saber que nunca mais será igual. O ciclo mudou, o tempo passou, a vida correu. E por mais que estejamos nos mesmos lugares, com as mesmas companhias e fazendo as mesmas coisas, já não seremos mais os mesmos.
E dói, ah, como dói.

Amo vocês, minhas eternas saudades!
Amo mesmo.