Consigo me lembrar perfeitamente do momento em que decidi resolver as minhas pendências para mais uma vez mergulhar profundamente nesse desconhecido que me prometia tantas aventuras. Foi exatamente o dia em que ouvi, com os olhos repletos de água salgada, de que o mergulho seria solo. Esse momento também me mostrou que eu já estava em mar aberto e voltar para um lugar seguro seria um esforço diário contra a corrente.
Desde então eu remo contra a maré. Também remo contra a insegurança, contra os meus sentimentos, contra os meus olhos que reluzem, contra minhas mãos que querem te tocar a todo instante, contra os abraços que precisam ser reprimidos. Desde então eu remo contra toda a potência que sou e carrego em mim.
E então eu me lembro que não sou forte o suficiente para lutar contra a força desse oceano de possibilidades que ainda não são. Talvez o que me me sufoque ainda mais é que elas talvez nunca sejam. Naufraguei e continuo buscando a ilha que possa me abrigar, para que eu finalmente descanse em paz.
A potência disso tudo é grande demais e às vezes caio de joelhos, me arrasto por alguns dias, mas ao primeiro toque da sua pele na minha, é como se minhas forças se recobrassem. A palidez dá lugar às bochechas rubras e às gotas de suor no final da noite, depois de ter sentido todas as partes do seu corpo grudadas ao meu. É preciso apertar a garganta para não gritar aos quatro ventos que sou sua e te quero desde que abriu aquele sorriso tímido.
Sigo em busca da minha ilha segura e sinto que aos poucos estou chegando lá. Pode ser que nunca alcance, pode ser só uma grande miragem, pode ser que você seja meu convidado de honra... O "pode ser" é uma grande tentação para os corações que sofrem, oscilando na balança entre aquilo que é. Nessa gangorra entre a esperança e a realidade, sigo no fluxo da correnteza, dizendo a cada instante para mim mesma "aponta pra fé e rema".
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