Desde que me entendo como alguém disposta a relacionamentos, nunca passei tanto tempo solteira. Desde os meus 15 anos venho numa levada de namoros longos, intervalados por um período breve. Mas o dia 1º de maio me fez refletir sobre como foi este último ano e qual foi o espaço que dei para mim mesma.
Devo confessar que a solteirice emplacou, algumas vezes, pela falta de reciprocidade. Encontrei pessoas neste meio tempo que me fizeram chacoalhar e, por vezes, sofrer de paixão. Talvez duas ou três, que emergiram a minha ascendência em peixes, apesar da alma sagita. RISOS.
Pude sentir pela primeira vez, e por um longo período, a plenitude e a angústia de estar solteira. Mas confesso que o meu grande susto foi me deparar com a realidade das relações líquidas. Eu, tão ativista das relações duradouras e profundas, me deparei com um contexto onde a maioria das pessoas que me cercavam não pareciam estar interessadas em estreitar laços.
É importante frisar que estreitar laços não significa estabelecer um relacionamento amoroso chamado namoro. Para mim, inclui a delícia de trocar longas ideias numa varanda qualquer, mandar mensagem no dia seguinte para saber se tá tudo bem e chamar para um próximo rolê sem ser julgada pelos olhares recriminantes dos pró-desapego.
Não me cabe julgar apegos e desapegos, afinal cada um sabe o que quer pra si. A minha reflexão só vai na sensação que tive de que, no meu contexto, está muito mais fácil achar quem bata no peito para se dizer "desapegadão", mesmo que isso implique estrangular sensações cruelmente, do que quem assuma sem receios que gosta mesmo é de pessoas.
Não sei desde quando foi instituído que para ser descolado é preciso suprimir sentimentos. A juventude tá ai replicando "mais amor por favor", enquanto se recrimina por mandar mensagem no dia seguinte. Amor não é uma grande algema que te faz arrastar grilhões por ai, mas dá espaço para uma infinidade de outros tantos sentimentos.
Posso dizer que amei e ainda amo pessoas que passaram pela minha vida (e que ainda permanecem, grazadeus). Desde o crucial amor materno até o amor que sinto por pessoas que há pouco tempo não sabia que existiam neste mundão de meu deus, cada uma delas me inspirou sentimentos diversos. Eu amei com ciúmes, com desentendimentos, com borboletas no estômago, com mãos suando, com longas e boas prosas sobre a vida, com crises de riso, com crises de choro...
O dia 1º de maio foi silencioso dentro do meu coração e nem havia pensado em escrever sobre um assunto que me é tão pessoal. Mas hoje me deparei com a publicação de uma colega que dizia:
"Nunca, nunquinha, tenha medo e muito menos vergonha de: demonstrar amor, afeto, paixão, demonstrar admiração, elogiar alguém. se tem sentimento bonito dentro de você: esbanje" - Maria Carolina Guimarães
Depois disso fiquei pensando que, sim, sou ativista das demonstrações de afeto e o mundo que aprenda a lidar com isso. Sou dessas que vai mandar mensagem no dia seguinte se estiver afim, simplesmente porque sim. Não é preciso encarar como um convite para se atrelar até o fim dos tempos a mim, mas uma vontade de expressar que foi bom e não há porque me sufocar.
Se for para ser julgada, que seja pela coragem de pular de cabeça e correr o risco de viver deliciosos e inesquecíveis encontros. E se as coisas tiverem que acontecer, duradouras ou não, haverá mãos para segurar a queda.
Obrigada a cada um de vocês que amei, amo e amarei. É com todo o carinho do mundo que carrego essas lembranças e com muita felicidade por ter encontrado quem se permitiu junto comigo. Quem mesmo com medo, foi com medo mesmo. Pude ver que sou um poço fitando o céu e tenho a infinitude que cabe em mim.
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