Há tempos escrevi um texto falando sobre a minha geração. Talvez ainda não fosse hora. E pode ser que essa hora também não tenha chego. Tem-se a impressão de que somente podemos pôr nossas vidas na balança quando atingimos a madura terceira idade. Elimina-se qualquer mérito jovem a favor da experiência que a idade traz. Não nego de que quanto mais idade, mais chances de ter tido experiências. Isso é algo lógico. Mas por que tanta valorização do tempo já corrido? Por que só importante aquilo que tem o peso da idade e a cor do tempo? Os jovens parece que perderam o crédito. Por mais fenomenal a atitude que ele tenha tomado ou por mais bonito o pensamento que ele tenha trazido a si, os olhares mais velhos o condenam. Quando encontramos, hoje, um jovem dizendo-se comunista, organizando atos e afins, vê-se nos olhos dos juízes a expressão: "Ele é só mais um jovenzinho querendo mudar o mundo". Ao mesmo tempo em que vemos infinidades de medalhas sendo distribuídas a ex-combatentes ou àqueles que sofreram os castigos da ditadura. E a intenção não é de forma alguma desmerecê-los. A importância deles na história é incrível. Corretíssimo que devamos distribuir honras aos méritos. Mas por que não investirmos no que ainda dá pra ser? no que ainda está crescendo? Por que não apostarmos fichas nos jovens de hoje que têm a chance de serem os senhores com medalhas no futuro?
Não sei culpa de quem. E nem sei se há culpa. Parece que caminhamos para o conformismo, cada vez mais. "Mudar? Mudar o que? É assim desde que o mundo é mundo. Eu tenho minha casa, meu carro, meu emprego e minha família feliz. Tá ótimo!". E assim continua-se o ciclo... O ciclo onde nada muda, onde nada é feito, onde tudo permanece como está.
O último exemplo mais claro que tive disso foi dentro da faculdade. As festas juntam mais pessoas do que as reuniões do movimento estudantil. Pergunta-se qual é a próxima festa da semana e todos sabem. Mas questione sobre onde fica as tais reuniões... Dos males o pior. Ainda há quem saiba. Ainda há quem se interesse. Pode até ser que não da forma como gostaríamos. Pode até ser que ainda longe da utopia que buscamos. Mas ainda resta um fio...
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