Você me surpreende quando aparece e me deixa surpresa quando desaparece. Em mais uma noite comum, escolhe a roupa, pinta o rosto, disfarça as imperfeições e sai de casa. A noite corre tranquila, com passos de dança temperados com o suor do corpo. E sua presença salta, confessando o desejo e admitindo o momento inoportuno.
Dias depois a oportunidade plantada em um sábado cheio de intenções. A incerteza, a linguagem corporal, os olhares que dizem o que as bocas ocupadas não conseguem. E de repente estamos nós de novo, dentro de uma câmara fria com pedaços de mim pendurados em ganchos de carne.
A minha carne que sangra e me faz acordar de sonhos intranquilos durante madrugadas inquietas. E quando a ferida estancada, novamente a porta se abre e a presença se faz. Materializada, carnal, com digitais que apalpam e marcam todos os pedaços do meu corpo que insiste em querer ser seu.
Mas você não perdura, porque sua timidez liberta te suga para dentro de si mesmo sem chances para o meu afeto que existe. E agora o quarto gélido que ainda assim me faz suar enquanto sonhos e pesadelos dominam o meu inconsciente. Sonhos e pesadelos que carimbam suas digitais mais fundas do que sua mente confusa e egoísta imagina.
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