sexta-feira, 25 de abril de 2008

Embalagem a vácuo

Algumas discussões mostram-se frustadas após seu fim. No intuito de persuadir, em alguns momentos as nossas argumentações nada mais são do que palavras soltas no espaço, que não conseguem, ou simplesmente não são, penetradas na consciência daquele com quem discutimos.
É difícil aceitar o fato. Fazemos no intuito quase sempre de mostrar ao outro aquilo que pensamos, que achamos certo ou errado, e mesmo que não mudemos sua opinião, somente com a vontade do despertar. O desejo de causar a angústia que precede uma mudança. Mostrar ao outro que há muito mais coisas fora do seu mundinho a vácuo. Percebe-se que em pleno século XXI as pessoas continuam de olhos vendados, acreditando em verdades vomitadas, sem contestação. O espírito do verdadeiro por quê tem se tornado cada vez mais dissolvido. A impressão que temos é a contrária. Se pegarmos períodos mais remotos, veremos sim algumas mudanças. Mas até que ponto elas foram somente superficiais? Até mesmo os problemas existenciais tem tomado um rumo ''fast-food''. Para que passar uma vida toda se questionando quando a lista dos 10 mais vendidos são de livros de auto-ajuda? Compensa conviver com a angústia de nunca saber? Temos coragem de nos perguntar o porque das coisas?
Em seu livro Água Viva, Clarice Lispector diz: "Não quero perguntar por quê, pode-se perguntar sempre por quê e continuar sem resposta: será que consigo me entregar ao expectante silêncio que se segue a uma pergunta sem resposta? Embora adivinhe que em algum lugar ou em algum tempo existe a grande resposta para mim"
O desconhecido assusta, e as verdadeiras verdades são desconhecidas. A impressão é que somente divagamos, em busca de algo que pensamos saber o que é. E quando encontramos uma solução calmante, que aquieta o rebuliço da nossa alma, pronto! Dizemos logo que aquilo é o real, o verdadeiro, sem contestação e somente opressão.
Ser extremista é uma forma de ignorância. Aquele que acredita em verdades imutáveis, venda os olhos e não se preocupa em ouvir o que vem de fora é tão ou mais ignorante quanto aquele que nada sabe das coisas. Convicções imutáveis geram fanatismo. Pessoas de mentes vedadas gorfando pseudo-verdades sem ouvir, sem adquirir, sem nem ao menos atentarem-se às palavras ditas numa conversa.
Há assuntos e assuntos. E, principalmente, pessoas para cada tipo de assunto. Não adianta gastar saliva com quem não deseja. Não é possível TROCAR idéias com quem não sabe o que isso significa. Segundo o dicionário Aurélio:
TROCAR. 1. Dar (uma coisa) por outra. 2. Substituir (uma coisa) por outra; mudar. 3. Tomar (uma coisa) por outra; confundir. 4. Alterar, modificar. 5. Pôr de través; cruzar. (...) 12. Permutar entre si. 13. Transformar-se, converter-se. 14. Reciprocar-se, mutuar-se.

Enfim, hoje foi um dia proveitoso. Não para os lacrados, mas para as mentes-buracos-negros.

Nenhum comentário: