sábado, 26 de abril de 2008

OFF

O quão somos passivos frente aos meios de comunicação? Iniciando o caminho para fazer parte desses meios, é necessária uma visão clara sobre o que eles são e como atuam na vida das pessoas. A nitidez é necessária para que, de posse do esclarecimento, quem está começando agora possa fazer algo. Se não para modificar os existentes, criando algo novo. E daí ser um jornaleco pequenino, que circula em meia dúzia de mãos, ou meia dúzia de bairros, ou quem sabe ainda meia dúzia de regiões. O objetivo não é salvar o mundo sozinha. O objetivo é abrir os olhos, não somente do expectador, mas também daquele que tem o poder de formar opinião.
A mídia tem um poder muito forte. Aquilo que veicula ganha ares de verdade pelo simples fato de estar sendo transmitido. Acreditamos de olhos vendados na ''realidade midiática''. Nem todos podem estar no tempo e local exato dos fatos, nem em todos os fatos. O mundo é vasto, e para poder alcançá-lo contratamos olhos e mãos para que nos repassem aquilo que viram, ouviram ou souberam. Talvez ai haja um ponto importante. Com seu poder, a mídia nos influencia a acreditar naquilo que deseja. A ilusão de fazer com que nos sintamos dentro dos fatos, simultaneamente em todos eles, inseridos como numa espécie de onisciência e onipresença. Ai está: diante das narrações que a mídia conta, nos sentimos deuses. Somos ''o olho que tudo vê e tudo sabe''. Mera ilusão!
Quando nos sentamos diante da televisão, é como se penetrássemos num outro mundo. A tela de plasma nos engole, nos absorve de uma forma mágica. Somos TELE-transportados. Quando lemos jornal, temos a imagem da seriedade, as coisas ''no papel''. Uma palavra jogada ao ar numa conversa poderia não ter valor no dia seguinte, mas algo escrito em um papel possuía uma convicção, uma certeza. E essa imagem, ao que parece, persiste ainda hoje. A primeira fonte de notícias do dia, quase sempre, está nas mãos do entregador de jornal. Filmes nos mostram pessoas atarefadas pela manhã, tomando uma xícara de café rapidamente, com um jornal debaixo do braço. Uma série de idéias jogadas assim acabam se fossilizando de alguma forma no nosso dia-a-dia.
O maior problema das mídias é a falta de ação daqueles que as recebem. Nenhum telespectador tem o poder de mudar algo no canal a que assiste. O maior poder que ele tem nas mãos é o controle remoto. Somente. Porém, as emissoras grandes não são grandes por acaso. Elas fazem de sua programação uma arma. Mesclam notícias, os absurdos e o cômico de uma forma que ''não pesa''. O programa jornalístico mais assistido do horário nobre fica no meio de duas novelas. Às vezes nos perdemos, sem saber o que é lúdico e o que é real. É uma mistura muito bem feita. Mas tem seus propósitos. E eles quase nunca são escancarados a olhos desapercebidos.
A mídia envolve muito dinheiro, e é um jogo de interesses muito antigo. Jornais como a Folha de São Paulo foram fundados na época dos senhores de café, justamente para promoverem-se e defenderem seus interesses e objetivos. Ou seja, alguém que não está de acordo com o Manual da Folha de São Paulo, não poderá lá trabalhar jamais. Segundo Alberto Dinis, não há liberdade de imprensa, mas somente liberdade de empresa. Falsa ilusão daquele aluno de jornalismo que, com suas idéias ''esquerdistas'', entra ou forma-se na universidade e acha que dali irá para o New York Times escrever mal dos bancos, do capitalismo, da cadeia alimentar canibal do homem e etc. NÃO VAI! E considerando esse costume já muito antigo, dificilmente mudaremos o já existente. Se algo deve ser mudado, esse algo deve ser começado. Funde veículos de mídia inovadores, que falem sobre o outro lado da tela ou do jornal. É hipocrisia dizer que existe imparcialidade. Mas se não há, mostre a outra face então, aquilo que os detentores de poder fazem tanta questão de guardar a 7 chaves.
Ou senão tente ao menos usar a arma que já possuímos em mãos: pegue o controle remoto e aperte o botão OFF!

Um comentário:

Jorge Teixeira disse...

WARNING: ovelhas elétricas descarregando suas meteórica, compulsiva e hiperativamente

Viva a imprensa alternativa, a Caros Miguxos e a Carta Social!
Viva a esquerda chique!