terça-feira, 11 de novembro de 2008

Casal

Não sei ao certo sobre o que a teia de palavras quer falar, já que a cabeça não consegue um só instante de paz. O mundo gira na velocidade da luz e os pensamentos parecem bombardear o corpo cansado. São estímulos que não encontram respostas. A mente quer, o corpo pede calma. São assim duas coisas distintas, numa quase ausência de fusões. Tudo isso não fosse o elo que une ambos em uma relação de cumplicidade: não sabem o quanto resistirão. Talvez seja essa a maior certeza dentro da incerteza. Sabem que cedo ou tarde terão que ceder, caindo em um canto qualquer em busca de descanso. A mente ainda insiste, mas o corpo já começa a pedir arrego. Seus movimentos estão frágeis, seus olhos só encontram o brilho próximos às luzes artificiais, a pele está ressecada, assim como seu coração. Antes, tão embebido nos vários líquidos encantados da vida, hoje apenas coberto de pó e saudade. O corpo e a mente, que um dia já compartilharam tantas aventuras e desventuras, hoje são um velho casal, unidos pela necessidade de assim permanecerem, pois sabem que sozinhos já não podem ir. É necessário saber que o outro está por perto, mesmo que não mais ao lado. A mente mais uma vez reluta em desistir, mas o corpo já lhe disse boa noite. Vá, mente, vá descansar. É preciso que amanhã cedo você esteja disposta para acordar seu velho companheiro que está próximo de padecer. Mantenha-se saudável, permaneça trabalhando, mesmo que em alguns momentos seu trabalho resulte em apertos no peito e dores no coração. Saiba que mesmo gerando aquilo que chamamos de ''tristeza'', nos dá a certeza de que ainda continuamos vivos.

2 comentários:

Vitor Moraes disse...

"Saiba que mesmo gerando aquilo que chamamos de ''tristeza'', nos dá a certeza de que ainda continuamos vivos."

a tristeza faz nós nos sentirmos dolorosamente vivos.
cuida-te moça!
cuida-te...
;*

Anônimo disse...

Reitero o que disse Vitor Moraes.

Ah, e sempre passo por aqui. Legal que atualizou.

Até mais.