Quando somos pequeninos, as resoluções dos problemas da vida são de uma simplicidade estonteante. Digamos que os problemas já não são em número elevado, embora existam e a gente bem sabe. Aquela briga entre primos por causa do brinquedo mais querido, a discórdia que sempre acabava em choro por causa do brócolis que a mãe insistia em colocar no prato e dizer ser tão gostoso quanto batata frita, a raiva que os meninos sentiam das meninas e vice-versa, amaldiçoando um ao outro e jurando nunca fazer aquilo que a mãe ou o pai fizeram, como beijinhos, abraços apaixonados e etc. E então o corpo vai ganhando forma, nós vamos crescendo, descobrindo tantas outras problemáticas e cada vez mais perdidos sobre como resolvê-las. Alguns conservam a leveza da infância para sempre, vendo os tais "problemas" como algo tão natural, semelhante a comer ou dormir. Eles são aquilo que animam nossa existência, nos tiram da inércia, nos tornam menos apáticos perante a vida e por ai vai... Essas pessoas são aquelas que parecem nunca envelhecer. As rugas são muito sutis, cabelos brancos quase nem se vê, e o bom humor parece dormir numa lata de formol. Outras pessoas, porém, aprendem pelo lado mais difícil. Carregam sempre a visão de que os problemas são aquilo que tiram a gente da rotina, e daí o problema. Dificilmente conseguem ver a vida de forma despretenciosa sem que antes encharquem tudo com o hábito do pessimismo. Só eles sabem o quanto carregam um peso extra que machuca, cansa e desanima. E mesmo que saibam disso, tem uma visão clara do quanto é difícil mudar um hábito. Então ganham rugas fundas, arrastam uma amargura que cada vez mais fica menos doce.. E isso sem falar nessa dor no peito que nunca passa. Ah, não passa...