quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Décimo segundo desabamento

Quando somos pequeninos, as resoluções dos problemas da vida são de uma simplicidade estonteante. Digamos que os problemas já não são em número elevado, embora existam e a gente bem sabe. Aquela briga entre primos por causa do brinquedo mais querido, a discórdia que sempre acabava em choro por causa do brócolis que a mãe insistia em colocar no prato e dizer ser tão gostoso quanto batata frita, a raiva que os meninos sentiam das meninas e vice-versa, amaldiçoando um ao outro e jurando nunca fazer aquilo que a mãe ou o pai fizeram, como beijinhos, abraços apaixonados e etc. E então o corpo vai ganhando forma, nós vamos crescendo, descobrindo tantas outras problemáticas e cada vez mais perdidos sobre como resolvê-las. Alguns conservam a leveza da infância para sempre, vendo os tais "problemas" como algo tão natural, semelhante a comer ou dormir. Eles são aquilo que animam nossa existência, nos tiram da inércia, nos tornam menos apáticos perante a vida e por ai vai... Essas pessoas são aquelas que parecem nunca envelhecer. As rugas são muito sutis, cabelos brancos quase nem se vê, e o bom humor parece dormir numa lata de formol. Outras pessoas, porém, aprendem pelo lado mais difícil. Carregam sempre a visão de que os problemas são aquilo que tiram a gente da rotina, e daí o problema. Dificilmente conseguem ver a vida de forma despretenciosa sem que antes encharquem tudo com o hábito do pessimismo. Só eles sabem o quanto carregam um peso extra que machuca, cansa e desanima. E mesmo que saibam disso, tem uma visão clara do quanto é difícil mudar um hábito. Então ganham rugas fundas, arrastam uma amargura que cada vez mais fica menos doce.. E isso sem falar nessa dor no peito que nunca passa. Ah, não passa...

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