sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Como, por Marcela Marx

Às vezes me pergunto como foi que cheguei até aqui,
quando dei por mim o cachorro já havia morrido,
as crianças me cumprimentavam olhando para baixo,
a grande árvore em frente de casa havia sido cortada.
Às vezes me pergunto como foi que cheguei até aqui
quando olho para meu antigo quarto e vejo as prateleiras vazias,
a trepadeira que cobriu toda a parede do muro
e agora não enxergo mais a janela do vizinho.
Às vezes me pergunto como foi que cheguei até aqui,
quando me deparo com um anel na mão esquerda de minha amiga,
me assusto com as rugas no rosto de minha mãe
e vejo a pilha de livros de minha mesa aumentando.
Às vezes me pergunto como foi que cheguei até aqui,
quando acordo e, da cama, vejo a geladeira,
a hora que cheguei em casa do trabalho
e meu avô, que não colhe mais laranjas.
Às vezes me pergunto como foi que cheguei até aqui,
sem saber como.
E me dou conta de que é caminho sem volta.

Vem daqui, ó!





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