sábado, 20 de setembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
domingo, 14 de setembro de 2008
A lenda alenta?
A pergunta que fica é o que estamos fazendo com as nossas relações? Qual caminho tem tomado a nossa dialética entre interno e externo, entre o mundo e nós mesmos? Para ser sincera, exito alguns momentos antes de dizer que há dialética. Parece que muitas coisas estão sendo empurradas goela abaixo, sem que haja preocupações em refletir e ponderar seja lá o que fôr. Por um momento não há mais troca. São apenas imposições, ação e reação em sentido único, sem permeabilidade. Tudo tem ganho um caráter superficial, epidérmico. Os olhares são inconstantes, os abraços querem cada vez mais rápido se desvincilharem, os beijos não têm mais intimidade, não revelam quase nada exceto desejo físico. A quantidade prevalecendo sobre a qualidade. Os instintos dominando qualquer tentativa de reflexão. Basta atrair para si e ter hormônios. Não é preciso cérebro nem coração. Os sentimentos encruaram. Cada vez mais possuem menos espaço. As pessoas não mais ficam juntas por conseqüência. A lei da atração física é a grande causa. Não é mais necessário que haja laços, afeto, relações estreitas. Ninguém quer se ''amarrar''. A liberdade dos sentimentos tomou outras proporções. Estar com todos ao mesmo tempo e continuar sozinho. Todos são de todos e ninguém é de ninguém. Viva o amor democrático. Mas será que essa celebração está sendo bem feita? Banalizar ou democratizar? Um hiato entre ambas as atitudes. Vivemos na era do fast food. Tudo vem semi-pronto. Basta aquecer através de microondas pelo tempo máximo de 5 minutos. Tudo. Na nova era, conhecer o outro por 5 minutos já é tempo suficiente para escancarar a alma, a boca e as pernas. Nada foi feito para durar mais. Os bens duráveis estão em extinção. O descartável ganha espaço a cada dia. Tratamos tudo como se fosse produtos na prateleira. Em promoção. Estamos saindo da época do ''ficar'' para a fase do ''pegar''. Somos objetos de consumo, diversão simples e facilitada. Prozac não resolve mais. Tratamos a tristeza como algo a ser evitado. Sem nos darmos conta do quanto ela é essencial. A felicidade causa inércia. E sem pensar, vamos brincando de Second Life, criamos protótipos dos nossos sonhos, daquilo que desejaríamos ser. E nos relacionamos assim... Através dos nossos protótipos virtuais amamos, nos apaixonamos, brigamos e assim vamos ''vivendo''. Nossa Matrix está mais forte do que nunca. Entregamos tudo o que tínhamos de pessoal e próximo para bonequinhos genéricos, nos quais colocamos algumas de nossas mais atraentes caractéristicas físicas, que abraçam feito urso, dão tapa na bunda e entregam flores para os seus amigos virtuais. Estamos nos aprisionando sem saber. O interpessoal deu lugar à internet. São cabos e fios que se relacionam por nós. Os olhos e a boca perderam seu espaço para os dedos. Aquilo que não pode ser dito pelas palavras, que exige outras formas de expressão, simplesmente passou a não ser mais exprimido. Ficou o dito pelo não dito. E nisso tudo há um dilema. As nossas gerações estão crescendo nesse meio e não vêem horizontes diferentes por simplesmente não conhecerem. Domingos no parque são programas caretas. Tudo pode ser resolvido via MSN. Até mesmo namoros... Chegamos ao ponto de saber como a pessoa lá do outro lado está somente pela forma como ela escreve naquela caixinha branca. Amizades que surgem através da mesma caixinha. De repente você se vê amigo de alguém que jamais conheceu pessoalmente. E a sensação é tão estranha... Você parece conhecê-lo há milênios, mas só faz alguns meses. O turbilhão de sentimentos confusos. É certo, é errado? Ceder às vontades ou conter os instintos? Ter o direito de se arriscar ou o dever de ser bem sucedido? Eu não acho que há regras. Ser humano só tem graça por ser único. Apenas espero que o amor não vire lenda, feito cabeça de bacalhau e outras coisas mais.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Ser ou não ser?
Mordomia X Movimento
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Mais uma vez o ciclo tem início. O movimento de oscilações parece eterno. Períodos acima, períodos abaixo, momentos neutros. Assim resumiria ser o ciclo. Um estudo de ondas. Se antigamente a freqüência era maior, hoje ela tornou-se mais suave. Mas não menos profunda. Pelo contrário, o período de duração é maior, com mergulhos mais profundos, nas feridas mais doídas. Alguns motivos permanecem. São aqueles companheiros inseparáveis, que só mudam de ''nome e endereço''. Na verdade só mudam de objeto talvez, já que o sujeito que sente, aqui, do lado de cá, continua sendo o mesmo. Ou teria mudado tanto assim? Tenho confusão quanto a isso. De repente parece que os parâmetros desapareceram. Os limites continuam, mas não tenho mais certeza se por hábito ou imposição. Talvez um seja conseqüência natural do outro. Uma imposição torna-se hábito, verdade, padrão. E como é difícil libertar-se disso. É necessário desprendimento e coragem para o risco. Há olhos espreitando nossas atitudes. Olhos que julgam, que ameaçam, que perseguem e punem. Punem de modo aparentemente sutil, disfarçado em meio a afetos, cuidados e interrupções. A rédea deve ser curta, os olhos devem estar fixos, os ouvidos devem ouvir apenas o que convém. Mas convém a quem? Por um lado você deve crescer, mas por outro de que forma crescer? Libertando-se ou perpantuando o já existente? Transformando ou prolongando as regras do jogo? E de quem são as regras? Quem as criou? Ir contra elas significa estar correndo risco? Será preciso todos esses olhares julgando a quebra do protocolo? Buscar novos caminhos é realmente tão grave quanto você justifica ser? O risco existe. A maior loucura da vida é nascer. A maior loucura da vida é viver. E somos diretamente responsáveis por essa loucura. Consciente ou inconscientemente, o compromisso é nosso. Mesmo que não haja controle sobre a vida, nós respondemos por ela. Teoricamente ela é nossa. Tudo isso sem querer atribuir qualquer caráter místico ou divino. O ponto chave é ter consciência do emaranhado em que vivermos. Nossa vida não é um fio solitário. Faz parte de uma rede da qual não é possível escapar. Somos nela concebidos e provavelmente o que seremos dali em diante será também seu fruto. E daí o medo. Quais são os frutos que estão sendo formados? Serão eles doces ou azedos? Serão eles saudáveis ou venenosos? Terão a oportunidade de mudar ou somente continuarão o ciclo? Somos marionetes nas mãos da vida ou o contrário? Será tudo uma questão de tempo? Será que possuímos o luxo do tempo?
É tempo de perguntas sem respostas. Tempo em que a alma está exposta e não há outro caminho a não ser continuar. Depois de um tempo a gente aprende que não dá mais para voltar atrás. O compromisso não permite. Encararmos nós mesmos, com feridas ou sorrisos. E que haja vida o suficiente.