Desisto de toda e qualquer tentativa em fazer desse blog algo para os outros. Ele é a minha sala de psicanálise e não se fala mais nisso. Quer conhecer o poço dos problemas? Seja bem vindo. Mas caso contrário, sinto muito. Eu preciso de algum canto onde eu possa ao menos deixar escorrer o excesso do que acontece. E eu estou puro excesso. Não sei ao certo o que sou, mas acho que vou assim, sendo, estando... Entendo que para uma estudante de jornalismo, esse blog foge muito às regras. Nada aqui é claro e objetivo. Mas eu não sou clara e objetiva. Continuo sendo, e cada dia mais, essa pequena criatura que cava um poço novo a cada dia. São palavras e pensamentos jogados aqui muito por questão de necessidade. Nem eu consigo compreendê-los. Mas a sensação é que jogá-los já tira parte do peso sobre as costas. Ao mesmo tempo é estranhíssimo que eu tenha a "coragem" de vir mostrar-me perante a comunidade cibernética. A hermética e os cibernéticos. Não consigo compreender quais os frutos desse casamento ainda. Acho que basicamente tudo gira em torno só da necessidade. Gatos pingados passam por aqui. Ninguém realmente preocupado em saber profundamente o que o lado de dentro tem guardado ou sentido. Dizem que o sucesso é solitário, mas a falta dele também é. Com o mínimo de bom senso a gente sabe que não pode ficar a todo instante reclamando da vida perante os que nos cercam. É um porre. É necessário fantasiar-se antes de sair de casa. Colocar as máscaras sociais que nos permitem a convivência. Nem sempre pacífica, mas ao menos possível. Atualmente, elas têm tido sorrisos amarelos, olhos não tão brilhantes, mas que conseguem disfarce próximo às luzes artificiais. Até que a noite insone comece, as máscaras devem ficar. São necessárias para qualquer contato, exceto entre mim e mim mesma. Na atual situação, sou obrigada a confessar os disfarces. Caso contrário, certamente teria que seguir a risca os planos de ir para a Conchinchina, tentar um retiro espiritual no topo do monte mais alto. Mas qual a garantia? Duvido da sua existência. Aliás, da existência de qualquer garantia. Tenho minhas dúvidas se o inferno realmente são os outros. O meu parece mais aqui, do lado de dentro, do que em qualquer parte do mundo. Não interessa se aqui ou acolá: de nós mesmos não dá para se desvincilhar. Pode ser que o lugar tenha o poder de aliviar ou agravar, assim como as companhias, mas não é o suficiente para resolver. Há coisas que só nós podemos fazer por nós mesmos. Por mais disposto que o outro esteja, por mais ajuda que o exterior propicie, quando atinge a alma, é conosco. Nós, nós mesmos, sem Irene. Aliás, em momentos assim, o medo de envolver-se com alguém é constante. Envolver-se de forma afetivo-sentimental, no caso específico. Num momento em que mal aguentamos com nós mesmos, apegar-se a outra pessoa e ter necessidades em relação a ela pode terminar num drama da vida real. O risco de não correspondência existe a todo e qualquer instante, em todo e qualquer começo, meio e fim de alguma coisa. Mas nesses períodos, melhor não arriscar. A alma não está inteira, provavelmente não aguentaria o baque. Receber um ''tchau'' no instante menos esperado... Não, o pobre coração não suportaria. Pararia de bater, desistiria de insistir, pediria demissão, alegando abuso do contratante. E de fato, seria pedir muito. Mas fazemos o que com a carência? Ok, desde já me assumo em estado de carência afetivo-emocional. E como cantarolava o sábio Zeca Baleiro, ''ando tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar''. Assistir a comédias românticas, feito 'O diário de Brigite Jones'? Terminantemente proibido. Ninguém em sã consciência do estado em que se encontra poderia permitir algo dessa espécie. Atracada a um pote de sorvete, numa sexta-feira a noite, 5 quilos acima do peso e nenhum ombro amigo para chorar... O risco de suicídio chega próximo do limite. Então desligamos a televisão e vamos ler qualquer livro empoeirado da estante. Ou viemos aqui para o espaço cibernético, onde as relações se esboçam, com temperaturas abaixo de zero graus, e ficamos escrevendo sobre nossas tristezas e aflições, mesclando palavras entre lágrimas e papéis encharcados das mesmas. Acho que funciona mais ou menos assim. Se é que funciona...
Um comentário:
por mais confessional que esteja, tá muito mais claro do que o normal.
acho que você é uma boa pessoa pra me explicar o que quer dizer "lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa"
Tamo aê djeinis
é só o anúncio vão de catastróficas nuvens sem chuva
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