Mais uma vez o ciclo tem início. O movimento de oscilações parece eterno. Períodos acima, períodos abaixo, momentos neutros. Assim resumiria ser o ciclo. Um estudo de ondas. Se antigamente a freqüência era maior, hoje ela tornou-se mais suave. Mas não menos profunda. Pelo contrário, o período de duração é maior, com mergulhos mais profundos, nas feridas mais doídas. Alguns motivos permanecem. São aqueles companheiros inseparáveis, que só mudam de ''nome e endereço''. Na verdade só mudam de objeto talvez, já que o sujeito que sente, aqui, do lado de cá, continua sendo o mesmo. Ou teria mudado tanto assim? Tenho confusão quanto a isso. De repente parece que os parâmetros desapareceram. Os limites continuam, mas não tenho mais certeza se por hábito ou imposição. Talvez um seja conseqüência natural do outro. Uma imposição torna-se hábito, verdade, padrão. E como é difícil libertar-se disso. É necessário desprendimento e coragem para o risco. Há olhos espreitando nossas atitudes. Olhos que julgam, que ameaçam, que perseguem e punem. Punem de modo aparentemente sutil, disfarçado em meio a afetos, cuidados e interrupções. A rédea deve ser curta, os olhos devem estar fixos, os ouvidos devem ouvir apenas o que convém. Mas convém a quem? Por um lado você deve crescer, mas por outro de que forma crescer? Libertando-se ou perpantuando o já existente? Transformando ou prolongando as regras do jogo? E de quem são as regras? Quem as criou? Ir contra elas significa estar correndo risco? Será preciso todos esses olhares julgando a quebra do protocolo? Buscar novos caminhos é realmente tão grave quanto você justifica ser? O risco existe. A maior loucura da vida é nascer. A maior loucura da vida é viver. E somos diretamente responsáveis por essa loucura. Consciente ou inconscientemente, o compromisso é nosso. Mesmo que não haja controle sobre a vida, nós respondemos por ela. Teoricamente ela é nossa. Tudo isso sem querer atribuir qualquer caráter místico ou divino. O ponto chave é ter consciência do emaranhado em que vivermos. Nossa vida não é um fio solitário. Faz parte de uma rede da qual não é possível escapar. Somos nela concebidos e provavelmente o que seremos dali em diante será também seu fruto. E daí o medo. Quais são os frutos que estão sendo formados? Serão eles doces ou azedos? Serão eles saudáveis ou venenosos? Terão a oportunidade de mudar ou somente continuarão o ciclo? Somos marionetes nas mãos da vida ou o contrário? Será tudo uma questão de tempo? Será que possuímos o luxo do tempo?
É tempo de perguntas sem respostas. Tempo em que a alma está exposta e não há outro caminho a não ser continuar. Depois de um tempo a gente aprende que não dá mais para voltar atrás. O compromisso não permite. Encararmos nós mesmos, com feridas ou sorrisos. E que haja vida o suficiente.
Um comentário:
A imagem de um gato!
Um não, vários...isso é o Brasil!
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