E o fato é que ela nunca agradava ninguém. Talvez fosse a personagem errada em todas as histórias que a vida insistia em lhe colocar. Era mais lógico acreditar assim. Afinal, se o inferno são os outros, não seria fácil descobrir que toda sua rede de convivência é que estava errada. Sim, ela era a errada e pronto. Melhor não discutir. Coisa que, inclusive, ela andava fazendo pouco. Estava aprendendo com maestria como abaixar a cabeça, dizer amém e engolir o alheio. Cansara de dissipar palavras em vão. Só quando percebeu que os cérebros com os quais convivia vinham embalados à vácuo é que tudo fez sentido. O dela com certeza tinha algum defeito. Mais um no meio de tantos outros. Equipara-se ultimamente de uma grande quantidade de máscaras. Não dava para sair às ruas mostrando tantas feridas. Mais fácil espalhar por ai o bom e velho ''tá tudo bem''. Tudo bem? Poucas coisas estavam bem. Até seu coração denunciava isso. E um dia pensou como a vida poderia ser surpreendente caso ela fosse embora sem aviso. Sem bilhete, sem anunciação, um dia simplesmente não acordaria mais. Riu, pensando o quanto tudo era tão vulnerável. Um dia não mais acordaria... E então quis imaginar como ficariam os outros, todos aqueles que insistiram em fazê-la acreditar o quanto era errada. Talvez eles dissessem que até para partir ela tinha pisado na bola, afinal eles sempre crêem que os mais velhos vão primeiro. E chorou.
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